sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Sonhos...

Será que existe algum significado freudiano em sonhar que as próprias lentes de contato são enormes e eu só consigo pegá-las usando as duas mãos? É um sonho recorrente.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Macville

O McDonald’s onde eu trabalho funciona 24h. Geralmente, eu trabalho a partir das 10h: é o horário em que se começam a preparar as coisas para servir os lanches. Antes disso (das 4h da manhã até 10h30) eles só servem café da manhã. O café é preparado numa outra cozinha e o cardápio é dos mais improváveis para a primeira refeição do dia. São basicamente alguns tipos de pãezinhos doces recheados com ovos, bacon, sausage e outras coisas gordurosas do tipo. Eles também servem burritos e panquecas.

Quando acontece de o meu schedule dizer que eu preciso entrar antes das 10h, lá vou eu trabalhar na cozinha do café da manhã. Da primeira vez que fiz isso, derrubei uma bandeja cheia de bagels e deixei queimar uns muffins. Não sei se é por isso, mas a gerente que cuida do café da manhã simplesmente me odeia. Ela se chama Sheira, mas isso eu só descobri ontem. Até então, eu chamava ela de Sheila, o que pode também ser um motivo extra para ela me odiar.

Sexta-feira comecei a trabalhar às 8h, e, a princípio, a Sheira me disse que não tinha muita coisa que eu pudesse fazer. Então, eu gastei uns minutos a mais para colocar as minhas luvas e me distraí durante alguns momentos lendo as instruções para o preparo dos ovos. De repente, ela me diz que acabaram os bagels e o que eu estava fazendo que ainda não tinha posto eles na torradeira!? E depois ela me perguntou quantas bandejas de biscuits eu já tinha colocado no forno e ainda me pediu 4 burritos! E depois mais 4! Em seguida vieram os muffins e quando eu percebi, as pontas da minha luva estavam derretendo por causa do calor dos fornos e eu me queimei toda.

Desde a primeira vez, eu tinha notado uma semelhança entre o trabalho no café da manhã do Mc e alguma outra situação que eu já tinha presenciado, mas não consegui identificar até sexta-feira. Foi quando me veio a imagem de Grace, a protagonista de Dogville. Fugindo de um grupo de gangsters, ela busca abrigo numa cidadezinha do interior dos Estados Unidos nos anos 30. Os poucos moradores aceitam escondê-la desde que, em troca, a fugitiva realizasse pequenos trabalhos para a comunidade. No começo, ninguém quer aceitar sua ajuda e todos dizem que não há nada que ela possa fazer. Progressivamente, os pequenos trabalhos vão se tornando mais e mais exigentes, até que... Bom, como não coloquei um aviso de que “este artigo contém spoilers”, paro por aqui. Mas acho que deu para entender o que eu quis dizer.

Notícias de hoje: estou gripada e entro no trabalho às 16h. Talvez eu coma alguma coisa decente num restaurante. Ainda tenho que contar tudo sobre o show do Foo Fighters, que foi muito bom, e sobre o jogo Orlando Magic x Portland Blazers que assisti ontem!

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

House of Blues

Ontem fomos a uma balada em downtown Disney chamada House of Blues. A minha primeira balada em Orlando não foi muito diferente de qualquer outra de São Paulo, já que metade das pessoas eram brasileiras. Minha amiga até encotrou um colega de classe! Também encontramos um outro brasileiro ilustre: Kiko, o “K” do KLB, com quem fizemos questão de tirar uma foto – olha o mico! Afinal, quem está na chuva, é pra se molhar... (agora me fugiu aquela expressão que se usa para dizer que, estando em território estranho ao seu, o melhor a fazer é deixar de lado seus princípios para adotar os costumes locais: “em Tróia, faça como os troianos”, ou algo assim...).

Pagamos 8 dólares para entrar. Meninas bebiam de graça até meia noite. No balcão, perguntei quais eram as opções de bebida. Como não entendi um nome sequer pronunciado pela balconista, pedi para ela me dar a que ela gostava mais e ela me deu sex on the beach, que deu para repetir mais algumas vezes antes da meia noite! Lá pelas 2h, cansei da música eletrônica, sentei e me distraí durante um tempo vendo as dançarinas (meu amigo me censurou quando eu as chamei de strippers).

Nossa volta para casa teve uma escala no McDonald’s, onde uma manager mal humorada se recusou a dar o desconto de 50% para funcionários porque não estávamos em horário de trabalho.

Chegando ao hotel, encontrei o pessoal que trabalha no turno da noite reunido no meu quarto. Como hoje eu entraria só às 18h no trabalho, fiquei conversando até quase 7h da manhã. Nesse tempo, os colombianos nos ensianaram a cantar a música Corazón Partió. Agora já posso dizer que eu quase falo espanhol!

Mas ainda nao contei por que motivo estou caindo de sono às 22h de hoje. De manhã, o telefone tocou: era do Mc. Eles pediram para eu ir mais cedo, por isso só dormi 4h! No trabalho, não aconteceu quase nada de interessante, mas tive uma boa notícia: recebi meu social security number e agora finalmente vou poder procurar um outro trabalho!

sábado, 12 de janeiro de 2008

Stories from the city

Hoje choveu em Orlando. Isso não aconteceu muitas vezes desde que cheguei aqui.

Não é a primeira vez que visito a cidade. Estive aqui em 1996, vim com a minha mãe, tia e amigos para passear na Disney. Na mesma viagem, conhecemos New Orleans. Para uma criança de 10 anos, a experiência de ir para a Disney é muito intensa. Diante dela, quase tudo se torna opaco e sem graça (pelo menos por um tempo). Já a viagem para New Orleans não foi muito bem aproveitada justamente por causa da idade. Lembro de ter dormido durante um show de jazz, de ter medo das pessoas esquisitas que andavam pela Bourbon Street à noite, do cheiro de insenso e dos clubes de strip-tease.

A Disney ofusca quase todas as memórias da cidade de Orlando. No táxi do aeroporto para o hotel, o que mais me chamou a atenção foi como tudo é longe de tudo aqui. Apesar de a cidade ter 180.000 habitantes, ela é muito grande. Já passei 1h dentro do ônibus para ir do hotel ao centro da cidade. Outra característica estranha é que aqui é muito difícil andar à pé. Em algumas ruas simplesmente não existe calçada. Minhas amigas desenvolveram a teoria de que é por isso que tem tanta gente obesa!

Mas eu realmente entendi por que as pessoas são tão gordas quando eu fui ao Wall Mart pela primeira vez. Lá você pode encontrar milhares de tipos de cookies, muffins, brownies, donnuts, biscoitos, cereais, tudo muito muito grande e, na maioria das vezes, barato. Também tem várias prateleiras de comida congelada, comida enlatada, comida instantânea. E é isso o que as pessoas comem! Isso e McDonald’s.

A rua onde eu moro, a International Drive, é um centro turístico. Tem vários hotéis e restaurantes. Tudo parece uma maquete às vezes. É tudo perfeitinho e o neon das lojas é meio retrô. De madrugada não é muito recomendável andar na rua, não apenas porque as ruas estão vazias, mas principalmente porque é o horário em que os chafarizes começam a molhar as gramas e é difícil sair ileso!

Andando de ônibus de um lugar para o outro, dá para perceber quais são as regiões mais “pobres” da cidade. Mas não tem nenhuma miséria, as casas são um pouco mais simples e bagunçadas e os jardins não são tão verdes. Nessas regiões, tem alguns trailers também.

Outra coisa engraçada sobre a cidade é que andando por aí, dá pra encontrar vários objetos na rua. Meu amigo já encontrou uma bermuda e um macaco de pelúcia que dança e canta uma musiquinha mais ou menos assim quando apertam sua mão: “You make my heart plain, you make everything, oh, I think I love you!”. Agora estamos de olho num par de botas e numa calça jeans que vimos no caminho do hotel para o Mc!

Amanhã é meu dia de folga e talvez eu coma alguma coisa decente no almoço. Hoje adaptei meus horários de trabalho para poder ir a um jogo da NBA e ao show do Foo Fighters na semana que vem! Agora preciso subir para o meu quarto. Na TV do saguão do hotel está passando Titanic e o navio está quase completamente submerso... É hora de dormir.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

De como eu vim parar aqui

Demorou, mas finalmente estou ativando este blog que foi concebido algumas horas antes de eu sair do Brasil. A princípio, criei o blog para mandar notícias constantes e manter os amigos informados sobre o que eu ando fazendo por aqui, mas pretendo continuar postando mesmo depois de voltar para casa.

Como estou aqui já há 24 dias, acumulei muita coisa pra contar e não tenho certeza se vou dar conta. Mas, vamos aos poucos, começando pela justificativa de por que só estou dando notícias agora. Acontece que aqui lanhouses e cybercafés são muito caros! Os lugares cobram 1 dólar por 4 minutos de internet. O que é muito comum é internet sem fio nos hotéis, cafés e restaurantes, mas, para isso, você tem que ter um laptop.

É por esse motivo que no domingo passado, às 10h50 estávamos eu e dois amigos plantados na frente de uma loja de eletrônicos chamada Best Buy, ao lado de uma pequena multidão de 50 pessoas esperando as portas abrirem, o que aconteceu precisamente às 11h. Não pude deixar de ficar um pouco constrangida com a situação. Talvez este país esteja me deixando um pouco mais consumista do que é saudável ser (me lembrem de contar sobre o WallMart!), mas, enfim, é apenas por três meses, vai!

A Best Buy é conhecida por promoções malucas de laptops e eu saí de lá com o meu! A minha amiga Bruna também. Depois, quase fomos atacadas por um maníaco no ponto de ônibus, mas isso já é outra história...

Diário de bordo
Saí do Brasil na madrugada do dia 17 de dezembro, à 1h50. No aeroporto, estava um pouco enjoada, resultado do nervosismo de fazer uma grande viagem sozinha pela primeira vez. Tomei um dramin por recomendação da minha mãe e por isso quase não consegui ver o avião decolar. Em poucos minutos eu atingi um sono profundo, que era interrompido de vez em quando pelos comissários servindo alguma coisa. Apesar do sono, a viagem não foi muito tranquila. Numa das raras ocasiões em que abri os olhos, senti uma certa claustrofobia por não poder levantar quando eu quisesse.

Chegando a Miami, a moça da alfândega foi muito simpática (é sério, sem ironia!) e, depois de despachar a minha bagagem, ainda sobraram umas quatro horas até o vôo para Orlando, nas quais eu decorei as capas das revistas das prateleiras de uma livraria (incluindo a ampla seção latina), tomei chocolate quente no Starbucks e dormi em cima da minha mala de mão (o dramin continuava fazendo efeito).

O vôo Miami – Orlando transcorreu sem problemas e eu tive a sorte de sentar na janela de novo. É o meu lugar preferido, apesar do pequeno ataque de claustrofobia do vôo anterior. Lá no aeroporto, surpreendentemente, minha mala chegou sem nenhum arranhão! Aproveitei para comprar minha passagem Orlando – Nova York e peguei um táxi para o hotel. Esse percurso foi muito emocionante, já que o endereço que me deram como se fosse o do hotel era, na verdade, do McDonald’s. Depois de rodarmos por vários minutos, o taxista me emprestou o celular para eu ligar no escritório do Mc e confirmar o endereço do hotel. Depois, ele achou o lugar sem problemas e nem cobrou tão caro.

Hoje
Só para não fazer um post gigante contando todas as histórias atrasadas, vou contar alguma coisa realmente atual. Hoje eu, a Bruna e a Flávia (duas das meninas que dividem o quarto comigo – a outra é a Rubi) compramos o passe anual do Wet’n’Wild! Sim, janeiro continua sendo inverno no hemisfério norte, mas a Flórida é um caso à parte. Semana passada fez bastante frio por uns três dias, a temperatura mínima foi de -3C. Depois esquentou de novo, tanto é que hoje aproveitamos a manhã tomando sol e nadando no Wet’n’Wild! O dia mais frio do ano foi justo quando fomos ao Sea World. Hoje também fomos na loja da Victoria’s Secret no Florida Mall e já fizemos um estrago nos cartões de crédito!

Ainda não falei nada sobre o trabalho no Mc, o que requer um post especial. Já adianto que as pessoas de lá não são muito simpáticas, o trabalho não é muito gratificante e eu já levei a maior bronca no segundo dia por ter feito um Double Quarter Pounder with Chease com uma carne só. Quando o gerente veio me perguntar repetidas vezes, num tom de voz nada simpático: “Is this a Double Quarter with Chease???”, com o lanche aberto na minha frente, eu não pude responder que eu não dava a mínima para a configuração exata de um Double Quarter with Chease, mas, esde então, aprendi a não levar aquele lugar muito a sério.

Mas um dos gerentes é muito legal, o Deryl. De vez em quando ele me dá alguma coisa, como fichas para os jogos e sorvete do bistro gourmet (uma seção que tem no Mc daqui que serve massas, pizzas e uns pratos e sobremesas mais sofisticados). Aqui conheci pessoas muito legais! No nosso hotel, tem mais um quarto de brasileiros e vários quartos de colombianos, todos estudantes trabalhando no Mc. Depois publico uma foto deles.

That’s it for today. Aqui é 22h28 e preciso voltar para o meu quarto para preparar uma delícia de Cup Noddles de 27 cents. Logo logo posto mais novidades e mais histórias antigas desses 20 e tantos dias de viagem.

See ya!