quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Atrás do trio elétrico


Nunca fui muito fã do carnaval. Gosto do feriado, claro, mas dispensaria a festa. O motivo dessa rejeição é que, no Brasil, as pessoas sofrem uma pressão enorme para se divertir horrores nessa época do ano. Toda a expectativa só traz ansiedade e frustração. Se você vai ficar em casa, é um perdedor sem amigos. Se você vai a uma festa e não sabe sambar, também está na draga.

Quando a tradição do carnaval passou a pesar tanto sobre os brasileiros? Tenho a impressão de que antes o carnaval era um evento mais descompromissado, uma ocasião em que as pessoas não tinham medo de se vestir de maneira ridícula e cantar musiquinhas alegres e despretensiosas. Não existe um jeito certo de se dançar uma marchinha. Mas tem, sim, jeito certo de se dançar axé, por exemplo.

Este ano foi o primeiro em que passei o carnaval, ou parte dele, em São Paulo. Sem grandes planos, estava em casa na sexta-feira quando ouvi o som de marchinhas vindo da rua. Sim, era um carnaval de rua em plena Augusta. As faixas que vão no sentido centro estavam interditadas para deixar passar um trio elétrico, uma bateria, uma comissão de frente de mulatas e um bando de pessoas dos mais diversos tipos.

Jovens, velhos, crianças, famílias inteiras, engravatados e até pré-adolescentes emos conviviam nessa massa heterogênea que seguia atrás do trio elétrico. Já dizia Caetano, “só não vai quem já morreu”. O engraçado era que o ritmo da batera não tinha nada a ver com o ritmo das marchinhas do carro de som.

Os moradores mais antigos saíram nas janelas e foram para a beira da calçada ver o que estava acontecendo. As casas de show típicas da região também entraram no clima: tinha até um rei momo na frente de uma delas. A noite foi divertida, afinal

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Rumo à cidade das pedras


São Thomé das Letras é uma cidadezinha de 6.880 habitantes que fica no sul de Minas. Lá as ruas são de pedra e as casas também. Há rumores de que uma gruta a 5 km do município leva os turistas mais obstinados até Machu Picchu. Não é incomum ouvir relatos de moradores que já viram óvnis e até já entraram em contato com os seres extra-terrestres (seria a proximidade de Varginha mera coincidência?).

Esses causos fazem com que a cidade faça parte de uma espécie de roteiro místico. São Thomé também tem a fama de receber grupos de jovens cuja intenção única é se drogar no meio das pedras e ver discos voadores que não estão lá necessariamente.

Mas o que a cidade tem de melhor é a natureza. Cachoeiras e grutas e mais cachoeiras e montanhas... Apesar de ter se tornado um destino relativamente comum para turistas, São Thomé ainda não comercializou suas belezas naturais, ou pelo menos não o fez com profissionalismo suficiente para tirar toda a espontaneidade do lugar. É claro que perto de cada cachoeira tem uma barraquinha que serve bebidas e quitutes mineiros aos visitantes. Mas elas acabam se integrando à paisagem local, cercadas por cachorros pidões que se espalham pela cidade inteira e imploram por um pedaço do seu pastel de queijo branco.

(Se São Thomé ficasse na Flórida, a cidade inteira seria transformada num parque. Aplicariam as normas de acessibilidade a todos os pontos turísticos e ninguém correria mais risco de escorregar no barranco ao tentar chegar numa cachoeira. As grutas receberiam iluminação artificial e seriam alargadas nos trechos mais difíceis.)

O centro da cidade também é charmoso. Cheio de lojinhas que vendem o artesanato local e restaurantes que prometem comida típica mineira. Não existem regras de trânsito bem estabelecidas e você pode estacionar em qualquer lugar (mesmo!). As pedras não permitem que ninguém ande a mais de 40 km/h, então os riscos de acidentes são baixos.

Minha viagem para a Cidade das Estrelas, ou Cidade Mística, ou ainda, Cidade das Pedras só durou um fim de semana. Fiquei hospedada numa pousada cujas únicas hóspedes éramos eu e minhas duas amigas. Fomos recebidas às 23h de sexta-feira por um gatinho branco com um olho de cada cor e um senhor sonolento, que nos apresentou os aposentos e explicou que o portão não tinha nenhuma tranca. Poderíamos chegar a hora que quiséssemos. Ele nos deu duas chaves: uma da porta da frente da pousada e outra do nosso quarto.

O sacrifício das mais de cinco horas de estrada valeria a pena, ainda que fosse só pelo café da manhã delicioso que o casal da pousada nos serviu. Ao lado da mesa do café, em cima de uma almofada azul, reinava absoluta a gata cinzenta chamada Paulina - o nome é o mesmo da personagem do primeiro conto de um livro do Bioy Casares que acabei de começar a ler. Seu namorado, o gatinho-David-Bowie, também nos visitou mais algumas vezes ao longo do fim de semana.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Sinopse de 2008


Comecei o ano de 2008 na Flórida, do lado de fora de um show do B52’s. Em janeiro e fevereiro, tive a nobre experiência de participar da linha de montagem do Big Mac. Em março, vaguei sozinha pelas ruas de Manhattan. Em abril, passei por um ritual conhecido como formatura antes, porém, de conseguir de fato o diploma por motivos que são muito complexos para uma sinopse. Em maio, procurei um estágio e fiz um projeto de trabalho de conclusão de curso. Em junho, consegui um estágio.

Os seis meses seguintes foram uma mistura um pouco desorganizada de trabalho, estudo, noites mal dormidas, aulas de francês, tarefas adiadas, aulas de body combat, correria, ansiedade, aulas de pilates e alguns momentos divertidos também. Tudo culminou com a apresentação do meu trabalho de conclusão de curso no dia nove de dezembro, quando finalmente me formei de verdade.

Que comece 2009.