domingo, 20 de janeiro de 2008

Macville

O McDonald’s onde eu trabalho funciona 24h. Geralmente, eu trabalho a partir das 10h: é o horário em que se começam a preparar as coisas para servir os lanches. Antes disso (das 4h da manhã até 10h30) eles só servem café da manhã. O café é preparado numa outra cozinha e o cardápio é dos mais improváveis para a primeira refeição do dia. São basicamente alguns tipos de pãezinhos doces recheados com ovos, bacon, sausage e outras coisas gordurosas do tipo. Eles também servem burritos e panquecas.

Quando acontece de o meu schedule dizer que eu preciso entrar antes das 10h, lá vou eu trabalhar na cozinha do café da manhã. Da primeira vez que fiz isso, derrubei uma bandeja cheia de bagels e deixei queimar uns muffins. Não sei se é por isso, mas a gerente que cuida do café da manhã simplesmente me odeia. Ela se chama Sheira, mas isso eu só descobri ontem. Até então, eu chamava ela de Sheila, o que pode também ser um motivo extra para ela me odiar.

Sexta-feira comecei a trabalhar às 8h, e, a princípio, a Sheira me disse que não tinha muita coisa que eu pudesse fazer. Então, eu gastei uns minutos a mais para colocar as minhas luvas e me distraí durante alguns momentos lendo as instruções para o preparo dos ovos. De repente, ela me diz que acabaram os bagels e o que eu estava fazendo que ainda não tinha posto eles na torradeira!? E depois ela me perguntou quantas bandejas de biscuits eu já tinha colocado no forno e ainda me pediu 4 burritos! E depois mais 4! Em seguida vieram os muffins e quando eu percebi, as pontas da minha luva estavam derretendo por causa do calor dos fornos e eu me queimei toda.

Desde a primeira vez, eu tinha notado uma semelhança entre o trabalho no café da manhã do Mc e alguma outra situação que eu já tinha presenciado, mas não consegui identificar até sexta-feira. Foi quando me veio a imagem de Grace, a protagonista de Dogville. Fugindo de um grupo de gangsters, ela busca abrigo numa cidadezinha do interior dos Estados Unidos nos anos 30. Os poucos moradores aceitam escondê-la desde que, em troca, a fugitiva realizasse pequenos trabalhos para a comunidade. No começo, ninguém quer aceitar sua ajuda e todos dizem que não há nada que ela possa fazer. Progressivamente, os pequenos trabalhos vão se tornando mais e mais exigentes, até que... Bom, como não coloquei um aviso de que “este artigo contém spoilers”, paro por aqui. Mas acho que deu para entender o que eu quis dizer.

Notícias de hoje: estou gripada e entro no trabalho às 16h. Talvez eu coma alguma coisa decente num restaurante. Ainda tenho que contar tudo sobre o show do Foo Fighters, que foi muito bom, e sobre o jogo Orlando Magic x Portland Blazers que assisti ontem!

4 comentários:

Rita disse...

Mariana....
Você tá querendo se adaptar à cultura americana, não é?!
Então, começa processando o Mac Donalds por queimar a sua mão, já que eles adoram um processo sem justificativa!
Pelo que eu pude perceber, a parte do consumismo você já se adaptou bem... Bem até demais...

Daniel Médici disse...

A vida imita Lars Von Trier...

Unknown disse...

mare, estou gostando de ver que você está levando muito a sério o ditado 'nem aí para bosta nenhuma".. hahaha... muito bom! mande scraps de vez em qd...bjoss

Aline disse...

Mari!!
Finalmente visito seu blog! Me diverti lendo sobre sua foto com o K do KLB (me mostre depois!) e sobre Sheila ou Sheira, hehehe...
Aproveite bem! E siga postando!